sábado, 1 de novembro de 2014

PROTESTANTISMO E CULTURA BRASILEIRA

FACULDADE DE FILOSOFIA E TEOLOGIA DAS
ASSEMBLEIAS DE DEUS EM ALAGOAS
- FAFITEAL -
FAFITEAL
Protestantismo e Cultura Brasileira                              Professor: Pr. Adriano Oliveira

Queridos alunos, como falado em sala de aula, aprendemos que esta disciplina estuda a penetração do pensamento reformado, particularmente da sua ética, na formação socio-cultural brasileira. Analisamos ainda as relações entre a racionalidade protestante e diversos aspectos da cultura brasileira: a arte, a disciplina no trabalho e na vida, e a visão “mágica” do mundo. A disciplina é resultante de preleções, palestras e extrações de livros, debates e comentários, bem como discussões de temas relacionados à problemática desta matéria.o Valendo ressaltar que o conteúdo foi feito a base de transliteração, reprodução e pesquisa. Não sendo de autoria nossa.Porém contendo também nossos comentários quando necessário. Este material não está seguindo as regras gramaticais da ABNT.Mas independentemente, servirá para enriquecimento de nosso aprendizado. Boa leitura.

I - INTRODUÇÃO

Quando estudamos a temática sobre o Protestantismo e a cultura brasileira, estamos, na íntegra, abordando toda a problemática encontrada pelo movimento nas suas diversificadas áreas ideológicas, políticas e teológicas. Este material servirá de âncora de apontamentos que vão desde a cultura até demais barreiras, mostrando as principais dificuldades de diálogo e inserção deste ramo do Cristianismo com a matriz cultural e religiosa do país, procurando sempre, dentro do possível, abrir caminhos convergentes com mediações que contemplem o espírito protestante e a cultura brasileira.

Com um “ethos” de comportamento e  ideologia importado do norte, o Protestantismo, presente no país já no século XIX, não soube trabalhar com a cultura brasileira.  A dificuldade se deu em não coadunar a realidade do país, com suas matrizes culturais e religiosas, com o Protestantismo de missão.

Infelizmente o Protestantismo trazido por nossos primórdios em terras brasileira, cresceu com uma mensagem exclusivista e isolacionista, gerando  um completo distanciamento da cultura brasileira e da religiosidade do povo, onde a conversão significava total rompimento com o contexto social, cultural e  religioso do indivíduo.

A partir da cultura brasileira e suas expressões, observamos que o Protestantismo no Brasil sofreu muitas dificuldades naquilo que compreendemos como “integração cultural”, tudo em decorrência de seu “xiismo”.

II – A CULTURA BRASILEIRA

Para entender o Brasil, é preciso olhar para as raízes que compõem a nossa cultura. Como diz Marilena Chaui  “O Brasil não foi descoberto, foi inventado!”

Ora, bem antes de “brasil” ser Brasil, havia os índios e sua cultura animista e peculiar por aqui  se formou uma cultura de miscigenação. O país tem na sua configuração as culturas do índio, do negro e do português, e cada uma, à sua maneira, contribuiu para o Brasil ser esse “amálgama cultural”. Ignorar essa diversidade, é ignorar o fundamento cultural do país. Dentro dessa perspectiva, há pensadores abrasileirados ,como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Roberto Da Matta, Darcy Ribeiro, apenas para citar alguns, que desenvolveram uma interpretação da cultura brasileira.

Freyre com sua miscigenação benéfica para a nação, fez uma ponte entre: a Casa Grande (os senhores) e a Senzala (os escravos). Há ainda DaMatta e sua trilogia da identidade brasileira: parada militar, procissão e carnaval; e Sérgio Buarque de Holanda e a construção cultural do Brasil desde a colonização. Esses pensadores traçaram um perfil, uma identidade para a cultura brasileira.

Em todas as interpretações as figuras do índio, do negro e do europeu português são marcantes, por isso é preciso olhar a cultura, os rituais, as danças, os conceitos, os costumes, a comida que esse povo multifacetado que se tornou Brasil, produziu. Em relação a isso é que o Protestantismo não soube lidar e se integrar, pelo contrário, quis mudar, imprimir e não aderir o modo “tupiniquim” de ser protestante brasileiro.

Protestantismo no Brasil: Inserção, características e dificuldades com a cultura brasileira
A presença protestante no Brasil se dá em 1555, com a expedição francesa de Villegaignon, incentivada pelo próprio Calvino. O propósito era criar uma colônia calvinista em solo brasileiro, mas o trabalho não deu resultados positivos por causa do conflito entre Villegaignon e os pastores.  A primeira tentativa de se fazer presente no país foi suprimida. Segundo Adilson Schultz, quase não houve protestantes no Brasil por mais de um século, exceto esporádicos negociantes e aventureiros.

III – A CHEGADA DO PROTESTANTISMO

 A situação mudou a partir de 1810, com a chegada da Família Real ao Brasil e a consequente ; abertura dos portos para os ingleses. O tratado assinado pelos dois governos concedia liberdade religiosa aos britânicos protestantes instalados no Brasil. A chegada dos protestantes ao Brasil se dá em duas vertentes: 1) o Protestantismo de imigração, com suas colônias no sul do país; 2) o Protestantismo de missão, missionários que chegaram ao país com o intuito de evangelizar.

No primeiro há um Protestantismo étnico, sem nenhuma intenção de integração com a cultura do país, apenas preservar a cultura herdada dos países de origem. O segundo tipo de Protestantismo se caracterizou não pela inclusão cultural, mas sim pela rivalidade com o Catolicismo. O Protestantismo de missão cria a sua identidade a partir do confronto com o Catolicismo .

É indubitável que o Catolicismo perseguiu a nova religião no Brasil, proibindo o Protestantismo de fazer seus templos, entre outras coisas, mas o fato é que a mensagem protestante se deu em cima do Catolicismo. O Protestantismo viu no Catolicismo o símbolo da idolatria, da superstição, da ignorância, do atraso, resíduo da Idade Média.Essas características fizeram com que o Protestantismo repudiasse o Catolicismo, por conta disso ocorreu a completa ruptura com a cultura brasileira, uma vez que se tem no Catolicismo romano sua matriz.

IV - CARACTERÍSTICAS DO PROTESTANTISMO NO BRASIL E SUAS DIFICULDADES COM A CULTURA BRASILEIRA

O Protestantismo marcou o Brasil com ideais de liberdade, democracia, modernidade e progresso, por isso contou com a simpatia de grandes nomes, como Rui Barbosa, dentre outros. Suas principais características são:

a) no campo político: - sistema republicano de governo, - um Estado laico;
- economia liberal; - filosofia positivista;

b) no campo religioso: - anticlericalismo e anticatolicismo; 

c) no campo da educação: - inovação com métodos e ferramentas de ensino.

Vale ressaltar que o Protestantismo de missão chegou ao Brasil com uma mensagem pronta, não alterou em nada a sua cosmovisão. Suas principais temáticas abordadas e defendidas eram: a) a suficiência da Bíblia; b) o arrependimento como imperativo; c) a entrega a Cristo; d) o afastamento do mundo cheio de pecados; e) o abandono da idolatria e dos santos.
Não podemos deixar de comentar que a visão de mundo sempre esteve atrelada ao maniqueísmo (Filosofia dualística que divide o mundo entre bem, ou Deus, e mal, ou o Diabo. Com a popularização do termo “maniqueísta” passou a ser um adjetivo para toda doutrina fundada nos dois princípios opostos do bem e do mal.), onde coloca em constante dicotomia o mundo e o Reino de Deus, ou a Igreja.

d) No campo da eclesiologia, a postura foi de não envolvimento com as questões políticas do país, com um discurso e uma “ teologia de peregrinação” ( A ideia de que se está no mundo mas não se pertence a ele, portanto não se deve envolver com coisas desta terra.). Na realidade o que se era defendido era em essência uma clara ideia de que para os nossos primórdios, a cultura não comportava nada de divino.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS QUE ATRAPALHARAM O PROTESTANTISMO NO BRASIL

As principais características que impediram o Protestantismo de acentuar de forma significativa a sua presença no Brasil foram: 1. O anticatolicismo: formou-se uma identidade em cima do Catolicismo, tratado como retrógado e antiquado para o atual momento histórico do país. 2.  As dificuldades culturais: Imbuídos da concepção de paraíso na terra, tão difundida nos Estados Unidos, os missionários não souberam trabalhar com a cultura local, pelo contrário, repudiaram-na como se fosse totalmente avessa ao Cristianismo. Ensinaram que era preciso fazer uma completa ruptura com o meio em que se vivia, adotando o jeito estadunidense de ser.

e) No campo de suas bases, o Protestantismo foi construído em cima: a)  da negação da sexualidade, b) da atuação política, c) da participação artística,d) do incentivo ao lazer, e) da vida em sociedade.

f) No campo da Teologia, tivemos a questão do fundamentalismo e da  Concepção escatológica “Pré - Milenista

f.1 – Fundamentalismo - Na área teológica, o fundamentalismo também contribuiu,e muito, para o confronto com a cultura brasileira.  Os fundamentalistas surgem como apologistas da verdadeira fé em contraste com a teologia liberal europeia. ( Não entrando em detalhes históricos quanto ao surgimento do termo, ligado aos presbiterianos e sua assembleia,que definiu os cinco fundamentos da fé, ou aos professores de Princeton e sua pureza doutrinária,ou ao batista Curtis Lee Laws e o periódico batista que vinculava o fundamentalismo da Convenção Batista do Sul)  os fundamentalistas preconizam a inerrância da Bíblia e têm uma postura hermenêutico-literalista do texto. Diante disso, Antonio Gouvêa Mendonça irá dizer que o Protestantismo tem uma vocação para o fundamentalismo, (pois este impede o diálogo quando se coloca como dono da verdade e possuidor de algo exclusivo.)

A Principal marca do Fundamentalismo, segundo Mendonça, é a busca da convicção.  Ele quer certezas, daí seu dogmatismo; ele se esforça por se auto-identificar, daí sua ética isolacionista. (até certo ponto a mentalidade é isolacionista e anti cultural, daí sua ausência na cultura.)

f.2 - Concepção escatológica “ Pré- Milenista”

Outro ponto teológico de destaque no Protestantismo que impediu um diálogo com a cultura foi a concepção pré-milenista. A palavra ‘milênio’ significa “mil anos” (do lat. Millennium, “mil anos”). O termo vem de Apocalipse 20.4-5, onde se diz que “viveram e reinaram com Cristo durante mil anos”. Os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos.

FIQUE POR DENTRO:

Vamos dar uma volta nas três famosas escolas escatológicas para você entender o ponto focal da contra argumentação. Bem, ao longo da história da igreja tem havido três visões principais sobre a época e a natureza desse “milênio”:

a) AMILENISMO: A primeira posição aqui explicada, o amilenismo, é realmente a mais simples. Segundo essa posição, a passagem de Apocalipse 20.1-10 descreve a presente era da igreja. Trata-se de uma era em que a influência de Satanás sobre as nações sofre grande redução de modo que o evangelho pode ser pregado por todo o mundo. Aqueles que reinam com Cristo por mil anos são os cristãos que morreram e já estão reinando com Cristo no céu. O reino de Cristo no milênio, segundo esse ponto de vista, não é um reino físico aqui na terra, mas sim o reino celestial sobre o qual ele falou ao declarar: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mt 28.18).Esse ponto de vista é chamado “amilenista” por sustentar que não existe nenhum milênio que ainda esteja por vir. Como os amilenistas crêem que Apocalipse 20 está-se cumprindo agora na era da igreja, sustentam que o “milênio” aqui descrito já está em curso no presente. A duração exata da era da igreja não pode ser conhecida, e a expressão “mil anos” é simplesmente uma figura de linguagem par um longo período em que os propósitos perfeitos de Deus vão se realizar. De acordo com essa posição, a presente era da igreja continuará até o tempo da volta de Cristo (veja figura 55.1). Quando Cristo voltar, haverá ressurreição tanto de crentes como de incrédulos. Os crentes terão o corpo ressuscitado e unido novamente com o espírito e entrarão no pleno gozo do céu para sempre.

Os incrédulos serão ressuscitados para enfrentar o julgamento final e a condenação eterna. Os crentes também comparecerão diante do tribunal de Cristo (2 Co 5.10), mas esse julgamento irá apenas determinar os graus de recompensa no céu, pois só os incrédulos serão condenados eternamente. Por esse tempo também começarão o novo céu e a nova terra. Imediatamente após o juízo final, o estado eterno terá início e permanecerá para sempre.Esse esquema é bem simples porque nele todos os eventos dos tempos do fim ocorrem de uma só vez, imediatamente após a volta de Cristo. Alguns amilenistas dizem que Cristo pode voltar a qualquer momento, enquanto outros (como Berkhof) alegam que alguns sinais ainda não se cumpriram.

B - PÓS-MILENISMO: O prefixo pós significa “depois”. Segundo esse ponto de vista, Cristo voltará após o milênio.Segundo esse ponto de vista, o avanço do evangelho e o crescimento da igreja se acentuarão de forma gradativa, de tal modo que uma proporção cada vez maior da população mundial se tornará cristã. Como conseqüência, haverá influências cristãs significativas na sociedade, esta funcionará mais e mais de acordo com os padrões de Deus e gradualmente virá uma “era milenar” de paz e justiça sobre a terra. Esse “milênio” durará um longo período (não necessariamente de mil anos literais) e, por fim, ao final desse período, Cristo voltará à terra, crentes e incrédulos será ressuscitados, ocorrerá o juízo final e haverá um novo céu e uma nova terra. Entraremos então no estado eterno. A característica principal do pós-milenismo é ser muito otimista acerca do poder do evangelho par mudar vidas e estabelecer o bem no mundo. A crença no pós-milenismo tende a aumentar em época em que a igreja experimenta grande avivamento, há ausência de guerras e conflitos internacionais e aparentemente se obtêm grandes avanços na vitória sobre o mal e sobre o sofrimento no mundo. Mas o pós-milenismo em sua forma mais responsável não se baseia simplesmente na observação dos eventos do mundo em nossa volta, mas em argumentos extraídos de várias passagens da Escrituras.

Finalmente, a Concepção escatológica “ Pré- Milenista”
Este ponto teológico de destaque no Protestantismo que impediu um diálogo com a cultura foi justamente essa concepção pré-milenista.

 (Lembrando que acaracterística comum de todo o ensino pré-milenista é a alegação de que o retorno de Cristo no final dos tempos terá lugar antes do período conhecido como milênio.)
Esta visão chamada de pré- milenista, está Sub - dividida por sua vez entre duas partes:
- Pré-milenismo clássico ou histórico;
- Pré-milenismo pré-tribulacionista

a.1 Pré-milenismo clássico ou histórico:  O prefixo “pré” significa “antes” e a posição pré-milenista diz que Cristo irá voltar antes do milênio. Esse ponto de vista é defendido desde os primeiros séculos do cristianismo. Segundo esse ponto de vista, a presente era da igreja continuará até que, com a proximidade do fim, venha sobre a terra um período de grande tribulação e sofrimento. Depois desse período de tribulação no final da era da igreja, Cristo voltará à terra estabelecer um reino milenar. Quando ele voltar, os crentes que tiverem morrido serão ressuscitados, terão o corpo reunido ao espírito, e esses crentes reinarão com Cristo sobre a terra por mil anos. (Alguns pré-milenistas o consideram mil anos literais, enquanto outros o entendem como expressão simbólica para um período longo.) Durante esse tempo, Cristo estará fisicamente presente sobre a terra em seu corpo ressurreto e dominará como Rei sobre toda a terra. Os crentes ressuscitados e os que estiverem sobre a terra quando Cristo voltar receberão o corpo glorificado da ressurreição, que nunca morrerá, e nesse corpo da ressurreição viverão sobre a terra e reinarão com Cristo. Quanto aos incrédulos que restarem sobre a terra, muitos (mas não todos) se converterão a Cristo e serão salvos. Jesus reinará em perfeita justiça e haverá paz por toda a terra. Muitos pré-milenistas sustentam que a terra será renovada e veremos de fato o  novo céu e a nova terra durante esse período (mas a fidelidade a esse ponto não é essencial ao pré-milenismo,pois é possível ser pré-milenista e sustentar que o novo céu e a nova terra virão só depois do juízo final). No início desse tempo, Satanás será preso e lançado no abismo, de modo que não terá influência sobre a terra durante o milênio no abismo, de modo que não terá influência sobre a terra durante o milênio (Ap 20.1-3). De acordo com o ponto de vista pré-milenista, no final dos mil anos Satanás será solto do abismo e unirá as forças com muitos incrédulos que se submeteram externamente ao reinado de Cristo, mas por dentro revolvem-se em revolta contra ele. Satanás reunirá esse povo rebelde para batalhar contra Cristo, mas serão derrotados definitivamente. Cristo então ressuscitará todos os incrédulos que tiverem morrido ao longo da história, e esses comparecerão diante dele para o julgamento final. Uma vez realizado o juízo final, os crentes entrarão no estrado eterno. Parece que o pré-milenismo tende a crescer em popularidade à medida que a igreja experimenta perseguição e o sofrimento e o mal aumentam sobre a terra. Mas, assim como no caso do pós-milenismo, os argumentos a favor do pré-milenismo não se baseiam em observação de eventos correntes, mas em passagens específicas das Escrituras, especialmente (mas não exclusivamente) Apocalipse 20.1-10.
a.2 Pré-milenismo pré-tribulacionista (ou pré-milenismo dispensacionalista): 
Outra variedade de pré-milenismo conquistou ampla popularidade nos séculos XIX e XX, em especial no Reino Unido e nos Estado Unidos. Segundo essa posição, Cristo voltará não só antes do milênio (a volta de Cristo é pré-milenar), mas também ocorrerá antes da grande tribulação (a volta de Cristo é pré-tribulacional). Esse ponto de visa é semelhante à posição pré-milenista clássica mencionada acima, mas com uma importante diferença: acrescenta outra volta de Cristo antes de sua vinda para reinar sobre a terra no milênio. Essa volta é vista como um retorno secreto de Cristo para tirar os crentes do mundo. Segundo esse ponto de vista, a era da igreja continuará até que, de repente, de maneira inesperada e secreta, Cristo chegará a meio caminho da terra e chamará para si os crentes: (1Ts 4.16-17). “...os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares” . Cristo então retornará ao céu com os crentes arrebatados da terra. Quando isso acontecer, haverá uma grande tribulação sobre a terra por um período de sete anos.Durante esse período de sete anos de tribulação, cumprir-se-ão muitos dos sinais que, segundo predições, precederiam a volta de Cristo. O grande ajuntamento da plenitude dos judeus ocorrerá à medida que eles aceitarem Cristo como o Messias. Em meio ao grande sofrimento haverá também muita evangelização eficaz, realizada em especial pelos novos cristãos judeus.  Ao final da tribulação, Cristo voltará com os seus santos para reinar sobre a terra por mil anos. Depois desse período milenar haverá uma rebelião que resultará na derrota final de Satanás e suas forças, e então virá a ressurreição dos incrédulos, o último julgamento e o começo do estado eterno. Deve-se mencionar outra característica do pré-milenismo pré-tribulacionista: essa postura se encontra quase exclusivamente entre os dispensacionalistas que desejam fazer distinção clara entre a igreja a Israel. Essa posição pré-tribulacionista permite que a distinção seja mantida, uma vez que a igreja é retirada do mundo antes da conversão geral do povo judeu. Esse povo judeu, portanto, permanecerá um grupo distinto da igreja. Outra característica do pré-milenismo pré-tribulacionista é sua insistência em interpretar as profecias bíblicas “literalmente sempre que possível”. Isso se aplica em especial a profecias do Antigo testamento acerca de Israel. Os que defendem essa posição argumentam que essas profecias da futura bênção de Deus a Israel ainda irão se cumprir entre o próprio povo judeu; elas não devem ser “espiritualizadas”, tentando-se ver o seu cumprimento na igreja.
Por fim, uma característica atraente do “pré milenismo pré tribulacionista” é que ele permite às pessoas insistir em dizer que a volta de Cristo pode ocorrer “a qualquer momento” e, por essa razão, fazem justiça ao significado pleno das passagens que nos incentivam a estarmos prontos para a volta de Cristo, ao mesmo tempo que ainda admite um cumprimento bem literal dos sinais que precedem a sua volta, pois diz que lês se darão durante a tribulação.

V - A DISPUTA ENTRE O “PRÉ” E “PÓS”

Bem, voltanto ao fio da miada, a disputa entre pré-milenismo e pós-milenismo começou na realidade nos EUA por volta do século XIX. O pós-milenismo tinha como pano de fundo o mito do progresso social, em que entendia que havia a possibilidade de uma vida de perfeita santidade, o que significava uma melhoria progressiva e constante da sociedade através dos indivíduos aperfeiçoados. Esse progresso, portanto, viria pela ação normal da Igreja, que prepararia a segunda vinda de Cristo. O grande pregador do pós-milenismo foi Jonathan Edwards,no século XVIII,que, assim, incentivou as campanhas missionárias nos EUA e em outros países. Na concepção do pós-milenismo, o Reino de Deus, já a caminho, devia ser compartilhado com outros povos. Já o pré-milenismo é totalmente diferente, pois entende que o Ser humano é incapaz de se aperfeiçoar . Assim, o Milênio (Reino de Deus) só seria possível com a volta de Cristo para implantá-lo. Essa concepção ganhou força a partir da década de 1870. O resultado foi o progressivo distanciamento entre a Igreja e o mundo, incompatibilizando-a com projetos de melhoria social. A Igreja, voltada para si mesma, concentrou-se na evangelização e nas missões estrangeiras.  O pré-milenismo chocou-se de frente com o Evangelho Social, assim como contra qualquer forma de compromisso com mudanças estruturais da sociedade. Tal concepção afastou ainda mais a Igreja da cultura brasileira, produzindo verdadeiros guetos nas Igrejas, povo separado de tudo e de todos. O pós-milenismo foi inteiramente superado no Brasil pelo pré-milenismo. A rejeição da cultura brasileira não se deu apenas por razões teológicas e ideológicas, mas, baseado em alguns pensadores, também ser deu por razões raciais.

Segundo analisa Alencar: “ o samba, originalmente, era música do morro, de negro e pobre, e foi rejeitada pelas Igrejas protestantes, muito mais por racismo que por razões teológicas. Isso suprimiu uma cultura e colocou em seu lugar outra. Cantam- se hinos de autores estrangeiros; leem-se livros de teólogos estrangeiros; produz-se teologia estrangeira; publicam-se mais livros de estrangeiros que de brasileiros; reproduz-se uma liturgia estrangeira em detrimento da brasileira. A integração, a inculturação não cabe no Protestantismo, que não soube lidar, desde os primórdios, com a cultura heterogênea brasileira.”

Mediações entre o Protestantismo e a cultura brasileira

Cultura brasileira é esse jeito todo nosso de ser. Conforme Marilena Chaui, o Brasil é um povo novo formado pela mistura de três raças valorosas: os corajosos índios, os estoicos negros e os bravos e sentimentais lusitanos. Dessa mistura surgiu a nossa culinária, o samba, a alegria, o espírito guerreiro, a forma de ver a vida com destreza e divertimento. Contrariando isso, o Protestantismo não assimilou a cultura brasileira, demonizando-a e repudiando as festas, o lazer. Apenas para uma breve comparação: enquanto o Protestantismo faz uma ruptura com a cultura, o neopentecostalismo faz uma assimilação, incorporando a música, as crendices do povo, lidando com o imaginário religioso brasileiro.

Protestantismo e brasilidade

“É possível que, no futuro, esquecidos os preconceitos históricos e cessada a propaganda ideológica fundamentalista, surja neste campo religioso uma prática religiosa popular comum, enraizada na tradição cristã e estruturada na cultura brasileira.”

O Protestantismo tem condições de dialogar com a cultura brasileira com os seus princípios, que nortearam a sua história. Princípios que foram sendo solapados pelo fundamentalismo e pelo pré-milenismo. A Reforma Protestante tem como principal elemento o discurso da liberdade; a não conformação com mediações entre Deus e o ser humano, a não ser ele mesmo; consciências livres.

Segundo Rubem Alves, há quatro pilares na Reforma Protestante: 1) liberdade: o início, o motor da reforma; 2) graça: salvação é um problema de Deus, não nosso, ocupemo-nos com a terra; 3) fé: salvos pela confiança em Deus, não por condicionamento humano;  4) teimosia profética: a denúncia é a tarefa protestante. Esses quatro elementos formam o ser protestante. É com eles que o diálogo, a integração e a convergência com a cultura deveriam ser tratadas. Uma vez descontaminado das declarações doutrinárias, dos dogmas, dos preconceitos, o Protestantismo conta com um princípio que, segundo Paul Tillich, ultrapassa a confessionalidade: “[...] o que torna o protestantismo protestante é o fato de ele poder transcender o próprio caráter religioso e confessional  e a impossibilidade de se identificar completamente com qualquer de suas formas históricas particulares”.
A partir desse espírito protestante, é possível construir caminhos que levem em consideração a multiculturalidade, levem em consideração as raízes do povo, aquilo que o compõe.
Pinheiro entende que, para o Protestantismo, é possível contribuir com um relacionamento pessoal com a brasilidade, já que um Protestantismo sem raízes contradiz a universalidade do Cristianismo. É imprescindível o diálogo, pois somente por meio dele será possível um Protestantismo inserido no multiculturalismo brasileiro.

VI - MEDIAÇÕES PARA O PROTESTANTISMO SE INTEGRAR NA CULTURA BRASILEIRA

Segundo muitos doutrinadores, há pelo menos três mediações possíveis para o Protestantismo se integrar na cultura brasileira: 1) Inculturação: o puritanismo dando lugar ao brasileirismo. A inculturação é a realização da fé e da experiência cristã numa cultura que se expresse com elementos culturais próprios. Portanto, a transposição de elementos de uma cultura para outra não é possível. Trabalha-se com os ideais, as formas, os costumes, o modo de vida do povo, agregando, assim, o Evangelho.  2) Ecumenismo: é um tema indispensável para a teologia e a religião. Par esses doutrinadores não é mais possível um exclusivismo religioso. E, segundo eles,  é necessária uma abertura para o outro entendendo a sua cosmovisão e maneira de ler o Sagrado. 3) Sincretismo: Para eles, o sincretismo tem as suas debilidades, mas no geral sincretismo envolve a capacidade universalista do Cristianismo de falar todas as línguas, de encarnar-se nas culturas humanas.  
Considerações finais

O Protestantismo é um movimento que ficou à margem da cultura e dos grandes temas do país. No princípio, contribuiu com uma educação inovadora e influenciou, juntamente com a maçonaria, a construção do Brasil republicano. Além disso, o Protestantismo se fechou para o país em questões religiosas e culturais. Estruturado no modo de vida estadunidense de ser, o Protestantismo brasileiro ficou refém de liturgia, teologia e eclesiologia importadas. Aquelas denominações que ousaram ultrapassar esta linha foram marginalizadas. Duas coisas contribuíram para esse apartheid protestante, o fundamentalismo, juntamente com um exclusivismo, e o pré-milenismo, que colocou tudo na conta do céu. É claro que os argumentos de integração, diálogo e convergência com a cultura brasileira vão na contramão de muitos conceitos e ideias vinculados durante anos no imaginário protestante brasileiro. Sugerir mediações – como inculturação, ecumenismo e sincretismo – como forma de aproximação contraria e muito diversos preceitos doutrinários. Mas é possível reavaliar com cuidado.

Para este humilde pensador que vos ensina, as três opções dadas são ferrenhas e atingem diretamente os princípios bíblicos da Palavra de Deus. Acreditamos que deve-se “moldar e adaptar” a realidade brasileira sem perdermos nossas essências uma vez que a Palavra de Deus se adequa a qualquer realidade e o que se entende por pecado aqui é compreendido como pecado em qualquer lugar. O que deve-se ser levado em conta é a metodologia de como iremos proceder para apresentar um cristianismo puro, cristocêntrico e real, sem chegar a ferir a cultura brasileira mas também sem permitir “misturas”.

Bibliografia

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  • Teologia Sistemática, pg. 946-951, Editora Vida Nova. Compre este livro em http://www.vidanova.com.br .
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•         Babel. Tradução de Waldir Carvalho Luz. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1990.
•         Ciberteologia

•         Protestantismo e cultura: inserção, dificuldades e propostas Alonso Gonçalves

2 comentários:

  1. Meu jovem, meu jovem !
    Tudo bem !!!!!
    prazer falar consigo.
    Parabéns pelo seu trabalho!
    Sempre acreditei num futuro e brilhante ministério para você.
    Deus te abençoe, companheiro!
    isaias Freitas

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  2. Este e o meu # de celular para estes dois dias... 11-9626-23427( Isaias Freitas). Me de o prazer de ouvi-lo !
    Obrigado.
    isaias Freitas

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